À venda

23 de agosto de 2018 / Sem categoria / 0 Comments /

Houve um período em que vendi minhas imagens para que outros vendessem seus produtos. Eu recebia um valor que era exorbitante para uma adolescente de 17, 18 anos e as marcas vendiam uma imagem que as localizassem de alguma forma dentro dos sonhos alheios. Quando eu voltei a morar em BH e re-encontrei meu book de modelo, achei tudo estranho demais. Não me reconhecia nas imagens, assim como não me reconheço direito quando vejo uma foto de dez anos atrás. Nossa imagem é algo tão fugidio que parece até insanidade pensar que esse instante possa valer tanto. Que o rosto de uma linda mulher estampada na embalagem de um perfume possa valer cifras altíssimas, que a maioria das pessoas no mundo nuca receberão. Uma imagem que hoje ainda mais, é tão descartável, tão fugidia, quase inócua. Que desaparece num passar de dedos sobre a tela dos nossos gadgets, que até as crianças descartam numa velocidade que até nos magoa. Pois bem, compartilho aqui um ato de fruição com a minha própria imagem, é assim que me renovo, é assim que me vejo: quando posso criar sobre mim mesma e o mundo é que existo.



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